Professor da Unicamp, que teve irmão desaparecido, preso e morto, fala sobre Ditadura Militar aos alunos da Escola Padre Jerônimo
O professor da Unicamp, Paulo Ferreira de Araújo, natural de Santa Luzia, que já prestou depoimento a Comissão da Verdade, instituída pelo Governo Federal, falou em Santa Luzia, para mais de cem alunos, sobre o desaparecimento do seu irmão, José Maria, preso e morte no período do Regime Militar.
“A história precisa ser contado, as gerações futuras precisam saber o que houve no Brasil num passado não muito distante, mas atroz e silencioso, e é minha obrigação contar essa verdade, a vida que vivi, a busca pelo meu irmão, a sua morte, a nossa dor”. Falou o professor Paulo Ferreira.
Paulo Ferreira esteve em 1992 com a então prefeita de São Paulo, paraibana, Luiza Erundina, para pedir, junto com sua família, que a verdade fosse revelada, que a história fosse contada e que o paradeiro do seu irmão fosse informado. Naquela oportunidade recebeu total apoio da prefeita e começou a ter os primeiros vestígios da história do desfecho do seu irmão, José Maria.
Em 1970, José Maria Ferreira Araújo, natural de Santa Luzia, desapareceu, ele era militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), desaparecido desde sua prisão, em 23/9/1970, quando foi levado ao DOI/Codi, onde morreu em consequência das torturas que lhe foram infligidas.
O seu irmão, Paulo Ferreira de Araújo, professor da Unicamp, esteve hoje na Escola de Ensino Médio Inovador Padre Jerônimo Lauwen de Santa Luzia, para falar sobre o desaparecimento do seu irmão, da busca da família pela verdade e dos anos de repressão do regime militar.
José Maria foi enterrado sob o nome de Edson Cabral Sardinha, e seu corpo nunca foi encontrado. Era casado com Soledad Barret Viedma, morta em janeiro de 1973, também delatada pelo cabo Anselmo, seu companheiro na época e pai do filho que ela esperava.
De sua união com a paraguaia Soledad, que era de uma família de militantes em seu país e que conheceu em Cuba durante treinamento, José Maria teve uma filha, Ñasaindi, que depôs na comissão na Comissão da Verdade.
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